Monday, October 27, 2008

Miúda de 15

Vi-te com um olhar luminosamente transparente, acutilantemente lúcido em busca do Mundo. Em curiosidade constante.
E não te esqueci.
Esses olhos acordados de miúda de 15 anos não, não passam para lá da memória.
Eu, nesse momento, quis –quis mesmo- ter sido assim, exactamente aí onde estás. Com 15.
O que te saiu dos olhos fez-me sentir que o que trazes dentro vai longe, porque é um olhar de vaivém: receptivo, revelador, limpido.
O teu olhar curisos veio ter comigo e voltou a si, sem nunca ter saído do mesmo sítio.
Vi-te, sem aqueles olhos opacos que todos trazem na rua, virados para dentro, para os seus botões, …zips, colchetes (conforme o grau de intimidade dos seus pensamentos consigo mesmos).
Enfim, com os olhos voltados para as suas abotoaduras.
Que os nossos se desembaciem e te sigam em exemplo, miúda.
Um dia hás-de me mostrar o que vês.
Sofia

Friday, October 17, 2008

bs

Bem, quando nos tramam o raciocínio, dizem-nos "ah então estás aí!...ora toma lá esta e vê lá se te safas..."
Aí até que existimos mais não seja pela necessidade de sobreviver.
...até ao momento que não nos apetece existir apenas neste limite, fio da navalha.
Li algures (in estadocivil.blogspot.com) que a base da tragicomédia é a esterilidade. Ou seja, o momento da nossa morte ser tão finito que nem se deixa prole como legado à humanidade, nem dna, nem nada...é cómico.
Até compreendo que haja receio pela ideia de finitude, tanto quanto a nossa capacidade de nos envolvermos na teia do quotidiano tal como formigas obreiras...se trabalharmos muito, esquecemos o nós e adiamos a passagem do tempo.
Pela lógica, o fim caracteriza-se por esse cunho tão definitivo. É lógico.
A eterna questão do fim, é precisamente o nada depois disso que por vezes faz mais barulho que um baterista tresloucado.
Que seja como o fim de uma música e as notas ressoem invisíveis nas paredes. E as pintem.