Wednesday, September 26, 2007
Muito antes é poeta aquele que inspira do que aquele que é inspirado. Éluard, Paul
Há um mundo que lhe pertence e ao mesmo tempo parece que ela simplesmente paira. A sua presença etérea é fundamental para aquele cenário como um pilar que segura o pano de cair a meio da cena. Encontra-se distante, o olhar encontrado em algo que não vemos. E é tão familiar aquele momento. Onde o teremos visto? Quem nos terá ensinado que naquele momento qualquer acção é ilegal e que qualquer respiração mais brusca a acorda e a faz voar dali para fora? Ou vir ter connosco. E a peça aí começa mas a essência já passou. Isto não é beleza; é o Sagrado.
Nada
Em cada hora que passa devo desistir para aí umas 10, 20 vezes de algo. Um pensamento, uma acção, uma fala, uma pessoa...puff, caem que nem tordos. Não me orgulho mas deve fazer parte de uma selecção que fazemos dado o nível baixo de tolerância ao falhanço que cada um tece como uma aranha preparando o leito mortal do seu próximo companheiro. Isto é, com afinco, a teia cresce e engrossa-se e o tempo de espera alonga-se. E há aquele estúpido dia em que nos perguntamos: porque não tive calado?
O título desta grosa poderia ser algo como “como desistir a tempo de dar a impressão que foi uma decisão racional e não o peso das circunstâncias”. O lixado é mesmo cair, a cabeça ficar do tamanho de um alfinete. Caído no chão, por onde alguém passa e o calca. E onde se lê cabeça, é favor de substituir por coração.
O título desta grosa poderia ser algo como “como desistir a tempo de dar a impressão que foi uma decisão racional e não o peso das circunstâncias”. O lixado é mesmo cair, a cabeça ficar do tamanho de um alfinete. Caído no chão, por onde alguém passa e o calca. E onde se lê cabeça, é favor de substituir por coração.
Thursday, September 13, 2007
A Questão
Perguntaram-me de chofre "Quem és tu Maria João?".
A resposta saiu calmamente como quando nos deitamos numa onda e flutuamos no mar a olhar para o céu azul, "Hoje sou uma pessoa que bateu num carro".
A resposta saiu calmamente como quando nos deitamos numa onda e flutuamos no mar a olhar para o céu azul, "Hoje sou uma pessoa que bateu num carro".
Tuesday, September 4, 2007
De abalada
Dedicado aos ventos do sul que nos trouxeram sempre bons textos...
Estamos todos de partida mesmo sendo animais de hábitos. A rotina organiza a nossa bagagem para melhor partirmos. O amanhã pode não nos ser favorável mas a esperança assobia dentro de nós. Como naquela imagem em que Lauren Bacall antes de sair do quarto pergunta a Humphrey Bogart “You know how to whistle, don't you, Steve? You just put your lips together and... blow.
Estamos todos de partida mesmo sendo animais de hábitos. A rotina organiza a nossa bagagem para melhor partirmos. O amanhã pode não nos ser favorável mas a esperança assobia dentro de nós. Como naquela imagem em que Lauren Bacall antes de sair do quarto pergunta a Humphrey Bogart “You know how to whistle, don't you, Steve? You just put your lips together and... blow.
É nisto que dá não ter férias...
A cabeça já estava a mergulhar no mar, naquelas ondas, já sentia o choque daquele calor na sua pele com a temperatura da água e já sentia o ímpeto frio da barriga antes do incontornável...o primeiro mergulho para que o corpo ganhe a temperatura da água. Viria uma onda e deitar-me-ia nela de barriga para cima – não durmo assim mas na cama salgada é a minha posição favorita – e o mergulho sob aquela onda a armar-se em Tsunami e ao subir entraria água e areia e sal pelo nariz ou pela boca, e continuar em frente e oops...uma poça e nadar um pouco mais para o lado e voltar. Ao boiar, rodar o corpo como as bailarinas dos musicais dos anos 60’s em fato de banho amarelo com toucas de brilhantes e os homens de smoking e rodar outra vez e nadar mais um pouco e pés no chão. Umas algas, aliás sargaço que desinspira confiança mas que se inspira iodo...desvio-me. Aperceber-me dos outros...uns mais á frente e para ali não vou por receio do sítio onde não tenho pé e ela ainda na toalha. Chamo-a com os braços e diz-me adeus e decido que vou até lá e explico-lhe: está toda a gente na água e hoje está quente, mesmo quente. Anui e acompanha-nos e estamos 4 em roda a boiar, a boiar de barriga para baixo, play dead bill, acrobacias que não saem bem, alguém que mergulha e é prancha..uuuuui! e passado uma hora, voltar à areia, à toalha, enxaguar-nos e descansar deitados com o peso do corpo que não confronta a gravidade e a sensação de quentinho e de protecção e de que tudo está bem. E viramo-nos já a pensar que estamos secos e vou tentar a água mais um pouco antes que o sol se vá. Sim, é isso mesmo e volto num instante pois o mar já subiu e nunca nos banhamos duas vezes na mesma água. E ir buscar um gelado...calippo de limão para mim. Brincar, sorrir, os brilhos, a areia, os livros cheios de areia das nortadas.
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