Nunca se vira coisa igual; por mais que folheassem os pergaminhos da memória ou os analistas lessem as actas do reino, o insólito dera de si. A comunidade estranhando tal mudança invectivava sobre os mensageiros que por sua vez alvitravam sobre possíveis bases de entendimento; uns devido ao tempo mais quente, outros devido à crise de meia-idade ou de juventude tardia.
Os videntes liam nos oráculos: a obra era imensa e pungente.
Numa manhã, o rei dera ordens para o esquecerem. Iria correr até chegar ao ponto mais distante que as suas pernas conseguissem alcançar e aí construiria uma torre com um enorme telescópio que propagaria as suas ordens para os habitantes e controlaria todo o desenrolar da vida do reino.
Anos, décadas passaram e fez-se a lenda. Com a excepção de um terramoto, a vida decorria com a tranquilidade natural dos reinos longínquos. Diziam que tinha sido o rei, outros que era a singela natureza.
Deu-se que, ontem, nasceu uma criança. Os videntes ao abençoá-lo sentiram uma força majestosa nesse bebé. De tal forma que não comentaram entre si por acharem que era fantasia. Mas os que se permitiram sentir e pensar, concluíram que o rei tinha conseguido e que se encontrava agora de novo no reino. Contudo, nada disseram.
Se assim fosse, o tempo que se encarregasse de ensinar ao rei que soube partir, também o melhor caminho para voltar.