A minha tia
A casa. Grande, pronta a acolher quem entrasse. Em cima, tinha a cozinha com o forno a lenha. Da janela, vê-se o quintal, as galinhas e os coelhos ao fundo, as hortaliças, as alfaces e outras leguminosas, plantadas e cultivadas por ela. Flores. Umas da Madeira que não pegavam bem na terra nem no nosso clima. Não as trouxe mas ficaram com ela.
Ao lado do quintal, uma bouça, terreno baldio onde nós as crianças brincávamos.
Em baixo, o escritório do tio. O saláo onde está o bilhar para os homens, a mesa para se jogar à sueca, para as mulheres. Para as crianças, cem prendas encontravam-se ao pé da lareira naquele Natal.
A mesa de jantar, redonda, com muitas cadeiras. As sobrinhas mais adultas ajudavam a preparar a festa.
Os pratos para alimentar quem viesse. E vinha sempre muita gente á casa da tia Tina e do tio Zé. E havia sempre mais um lugar.
As duas palavras que se reúnem para a lembrança dela; a força e o feminino. Uma mulher forte, determinada mas sempre doce e atenta. Ouvia-me. Ofereceu-me o meu primeiro perfume. E a sua voz e o seu estar. E a referência. E o campo. A terra. O brio no que fazia, nos seus, na sua vida.
Procurava um poema mas ela fala por si.
Falou sempre.
Obrigada.
Monday, August 11, 2008
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